quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

O propósito da vida - uma explicação

Imagem do filme "The Fountain", que aconselho vivamente.

No seguimento do post anterior, pareceu-me por bem clarificar um pouco o tema pois não é um tema light que possa ser tratado levianamente. Aliás, acho que o “propósito da vida” deveria ser ensinado nas escolas. Se fosse, acredito que hoje viveríamos num mundo melhor para todos.

A forma como vejo as coisas é mais ou menos assim:

Nós somos como diamantes em bruto. Diamantes que na sua essência são perfeitos mas que precisam ser lapidados para passarem a reflectir essa mesma perfeição.

Assim, vamos caminhando na roda das encarnações (ou Samsara em sânscrito) enquanto desempenhamos sucessivamente os mais diversos papeis: pai, filho, patrão, empregado, homem, mulher, rico, pobre, aventureiro, artista, casado, solteiro, doente, saudável… enfim, todos os papeis que pelas suas características nos possam ensinar algo novo. A questão é que, à primeira vista pode parecer que esse algo que devemos aprender é sobre a natureza humana, mas não. O que viemos aprender e aperfeiçoar é mais profundo. É do domínio da alma.

A nossa personalidade exterior (persona) funciona como uma máscara para lidarmos com o meio envolvente. É através dela que também recebemos as influências desse mesmo meio. Mas aquilo que se pretende atingir (melhorar, aperfeiçoar) é a personalidade da alma. Ao fazermos isto as mudanças produzidas começam a transparecer e a irradiar através da personalidade exterior, mas este processo deve ocorrer sempre de dentro para fora e não o contrário.

É muito diferente ser simpático porque essa já é a minha natureza interna, e ser simpático apenas à superfície, com o objectivo de atingir algum fim meramente egoico.

Por isso, acredito que os papéis que desempenhamos nas nossas vidas, não são em si mesmo o nosso propósito de vida nem devem com ele ser confundidos. Os papéis são o meio através do qual temos acesso a mais conhecimento para aplicarmos à nossa transformação interna.

Vou usar uma metáfora para tentar exemplificar melhor o que pretendo dizer:

A alma é o actor, a personalidade é o personagem, o meio em que se está inserido é o cenário, a própria vida é o palco e os papeis que desempenhamos são o veículo de aprendizagem – para quem? Para a alma que é o actor.

É o actor que deve ser transformado e ao ser transformado isso reflecte-se na sua actuação.

Vou dar o exemplo de uma mãe cujo filho é deficiente motor. A sua alma veio aprender o dom da aceitação, da humildade, do amor incondicional….Se ela colocou o papel de mãe como objectivo/propósito de vida vai-se sentir defraudada, frustrada e revoltada porque não era aquilo que tinha em mente quando pensou no papel de mãe. Perde assim todas as lições valiosas que poderia aprender. Além disso, como a sua alma (actor) não se transformou positivamente com a experiência, a sua actuação no papel de mãe (personalidade) vai deixar muito a desejar.

Posto isto, e voltando à questão do propósito de vida, não viemos à Terra para sermos "isto ou aquilo" mas para aprendermos com todas as experiências que "ser isto ou aquilo" nos proporcionam. E quanto mais rapidamente aprendermos, mais rapidamente sairemos da roda das encarnações e passaremos a evoluir em outros patamares mais elevados.

Há almas, que pelo simples facto de não perceberem algo tão simples como "qual é o propósito da vida", passam vidas e vidas a repetir os mesmos padrões e as mesmas lições, como alunos repetentes que nunca passam de ano. É por causa disto que ainda temos assassinos, ladrões, terroristas, corruptos e por aí adiante;

É por causa disto que ainda temos tanta gente, mais interessada em falar da vida alheia do que em tratar da sua própria vida e da sua própria evolução como alma;
  
É por cauda disto que a maioria se preocupa apenas com questões mundanas e comezinhas, sem dedicar mais do que um breve pensamento ao significado da vida. 

Outros ainda, acreditam que a sua missão é deixar obra, como edifícios, monumentos, catedrais, grandes empresas.... para que o seu nome seja lembrado após a morte. 

Quem é que pára para pensar no que veio cá fazer, antes de traçar um rumo para os seus passos?

Já imaginaram como seria o mundo se ensinassem a todas as crianças algo tão simples como "o propósito da vida é a evolução da alma"?

Ao nível da alma, intuitivamente, todos nós sabemos quais os papeis, cenários e companheiros de aventura que melhor nos servem para a nossa evolução. Mas somos desde logo travados por pais, amigos, professores e familiares que acham sempre saber o que é melhor para nós. Ensinam-nos de pequeninos a dar ouvidos à razão e não à intuição.

Nesta sociedade em que vivemos, regra geral, somos “aconselhados” a mover-nos em direcção ao dinheiro, à carreira, ao status, à fama….deixando pelo caminho aquilo que nos trouxe cá.

Outra coisa fundamental, que deveria ser ensinada nas escolas, é que a reencarnação é real. Não é uma história da carochinha. Lá porque houve um papa (Virgílio) que, a mando do imperador romano da altura (Justiniano), aquando do Concílio de Constantinopla, retirou da bíblia todas as referências à reencarnação, não significa que ela tenha deixado de existir.

Se todos estivessem conscientes de que a vida não acaba com a morte, e de que o que fazemos numa vida condiciona as vidas futuras, não seria tudo diferente?

Há muito quem pense que até pode danificar o planeta a ponto de ele ficar moribundo porque não vai estar cá nessa altura. Mas e se soubessem de antemão que não é assim? Se soubessem que as gerações futuras são eles próprios em outros corpos? O caso mudaria de figura, não?

Voltando à metáfora do teatro, o que se passa aqui na Terra não é mais do que uma peça de teatro. O actor nunca morre, só morre a personagem. Quando cai o pano, a vida continua do outro lado e somos chamados a fazer o balanço da nossa actuação. Não é punição, é tomada de consciência.

Mas…. será que precisamos morrer para descobrir o que é que andávamos aqui a fazer?

Pense nisso!


Seja feliz,

Abrace a Vida!