quarta-feira, 5 de março de 2014

O Eterno Momento do Agora...


O fato-e-gravata mais a pasta-do-portátil, saem para a rua todas as manhãs, para mais um dia de trabalho. Depois encontram-se com outros fatos-e-gravatas e fazem reuniões intermináveis, tediosas e inconclusivas.

No final do dia, os fatos-e-gravatas entram nas suas caixas-de-metal-sobre-rodas, e voltam para as suas caixas-de-cimento para passar a noite. Por norma, comem mais um bife com ovo e batatas fritas e depois estendem-se no sofá, a olhar para uma caixa-preta, de onde saem imagens e sons alienantes e impregnados de superficialidade. Cinzento, tudo cinzento até que são horas de fechar os olhos e desligar a ficha para recarregar a bateria para o dia seguinte.

Ouve-se o alarme do despertador e de novo o ciclo repete-se, excepto pelo facto de a gravata hoje ser de outra cor. Uma cor qualquer que combine com cinzento.

Assim se passam dez, vinte, trinta anos e o único arco-íris que aparece esporadicamente, acontece uma vez por ano, quando o fato-e-gravata dá lugar aos calções-e-havaianas e ruma em direcção às praias de Punta Cana.

Num belo dia, tão cinzento como os outro, o fato-e-gravata cai redondo no chão e ouvem-se ao longe as sirenes de uma ambulância. Vai a caminho do hospital. Ao que parece o coração não aguentou tantos anos de cinzento e teve um ataque.

Na cama de hospital, agora com a humildade de uma bata-aberta-atrás, e sem qualquer roupa-interior. Respirando por um tubo e vendo a vida presa por um fio que oscila a verde num monitor, o ex-fato-e-gravata pensa finalmente nos seus dias cinzentos, e questiona se não haverá mesmo outras cores com que os pintar.

O ex-fato-e-gravata quer agarrar-se a algo que o eleve daquele leito com cheiro a morte mas não encontra nada. No mais recôndito da sua mente passa apenas um filme mudo, entediante e em tons de cinzento.

O tempo! O que é que eu fiz com o tempo? - pergunta finalmente em desespero. O tempo limitou-se a passar sem que ele o notasse até ser tarde de mais.

E foi então que percebeu… a vida acontece-nos a cada instante. A vida não pode ser adiada para usufruir mais tarde, quando der mais jeito. É preciso estar presente no presente e em cada momento. Criar laços, dar abraços, brincar… sorrir, divertir, chorar… E chora. Chora pela primeira vez desde que tinha sete anos e esfolou um joelho. Já esquecera o sabor salgado das lágrimas, que agora o faz sentir-se vivo como há muito não se sentia.


Ás vezes, a Vida não tem outra opção, a não ser atirar-nos ao chão, para que lhe prestemos a devida atenção.

Alguns, ainda vão a tempo de se levantarem, outros, estão tão danificados que se tornaram irrecuperáveis.

E tu? De que estás à espera para começar a viver?

Sê feliz,

Abraça a Vida!

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Maturidade...



Na nossa sociedade, assume-se por imaturidade o não cumprimento das leis e normas sociais, a falta de compromisso ou a fraca capacidade de honrar compromissos; não ter emprego fixo e saltitar de emprego em emprego; viver em casa dos pais até aos 40; viajar à boleia sem rumo...enfim, considera-se imaturo aquele que não se ajusta às nossas leis e expectativas sociais. 

A maturidade, enquanto característica e estatuto, é então atribuída àquele que cumpre (aparentemente) as leis e preceitos sociais e morais; que tem e gere uma família; que tem um emprego fixo, uma carreira; que obedece aos seus superiores mesmo que não concorde; que seja assíduo e que honre os seus compromissos sejam eles sociais, familiares ou profissionais; que não muda frequentemente de ideias e que seja constante e equilibrado nos seus comportamento e discurso.

Vou agora dar-vos outras definições de imaturidade e maturidade, respectivamente:

Imaturidade
- Acreditar que o Universo surgiu de um Big Bang sem nenhuma outra causa aparente,
- Acreditar que somos descendentes dos macacos,
- Acreditar que não existe nada depois da morte,
- Acreditar que não existe reencarnação,
- Acreditar que não existe a Lei do Karma,
- Acreditar que não existe um Criador, 
- Acreditar que somos os donos e senhores deste planeta,
- Acreditar que não existem outros seres no Universo,
- Acreditar que somos donos da Verdade Absoluta,
- Acreditar que não há consequências para a inveja, a manipulação, a maledicência, a maldade, o rancor, o egoísmo, o egocentrismo, o julgamento; desde que eu aparente ser "normal", porque quando morrer acaba-se tudo, adormeço no esquecimento infinito, e ninguém me vai cobrar pelas minhas falhas. 
- Acreditar que não existe Justiça Divina.
- E finalmente, acreditar que ter maturidade é cumprir as leis dos homens e não, cumprir as Leis Divinas.

Maturidade
- Maturidade é olhar para dentro mais do que se olha para fora,
Ter consciência de que nada somos a não ser seres Criados,
- Construir um templo dentro de si próprio em detrimento de templos exteriores,
- Baixar o volume do ruído da sociedade e dos mass media na nossa vida,
- Ouvir a voz de Deus no nosso coração,
- Se necessário, desobedecer às leis dos homens para respeitar as Leis Divinas,
- Reconhecer-se como um ser imperfeito e buscar aperfeiçoamento,
- Meditar nos seus actos mais do que nos actos alheios,
- Ter consciência das consequências das suas falhas em vidas futuras,
- Praticar o bem pelo bem e não para se vangloriar,
- Amar e respeitar todas as criatura vivas e o planeta,
- Ser humilde,
- E finalmente, ser desapegado de tudo o que é exterior a nós (colocar o ego ao serviço da alma).

Infelizmente, graças a  esta inversão de valores, uma pessoa pode estar "podre" por dentro, mas se a "fachada" estiver bem "maquilhada", assumimos que é uma pessoa com maturidade suficiente, até para nos orientar e dar conselhos. É triste. E mais triste ainda é perceber, como os males do mundo se acabariam num piscar de olhos, se a nossa noção de maturidade se alterasse hoje! Bastava isso!

A verdadeira maturidade é a maturidade espiritual. O mundo dos homens é uma ilusão tão efémera como o nevoeiro.

Na verdade, independentemente de quão "normais" possamos parecer, somos espiritualmente tão imaturos, como crianças a brincar com caixas de fósforos!

Já agora, valeria a pena pensar nisto!

Sejam felizes,

Abracem a Vida!