O que é a Vida?
Há quem considere que a Vida é
apenas constituída por aquilo que os cinco sentidos podem captar. Que nada mais
existe. Há quem considere que viver é uma sucessão de actos mais ou menos
automáticos, desde o acordar, trabalhar, comer, divertir, dormir… e depois, um
dia, morre-se. FIM!
A este modo de ver e viver a Vida,
Étienne Guillé chamou, o ciclo do “Produzir-Consumir-Morrer”.
Será apenas isso a Vida? Não
haverá em vez disso, um sentido muito mais elevado para tudo o que
experienciamos?
Olho em redor e vejo falta de
profundidade nos olhares e falta de conteúdo nas conversas. Vejo um existir
desenraizado, assente apenas em premissas imediatistas, materialistas, e
egocêntricas. Vejo superficialidade.
Vejo descrença e cepticismo: a maioria das pessoas que conheço não
acredita em milagres. Porém, a Vida por si só, é o maior de todos os milagres.
Os cientistas hoje, já conhecem muitos dos processos da Vida e sabem COMO
funcionam, contudo, ainda não conseguiram responder a uma pergunta fundamental:
PORQUÊ? Porque é que há Vida? Porque é que há TUDO e não o NADA absoluto?
Porque é que existem planetas,
galáxias e sistemas solares? Porque é que nós existimos? Porque é que estamos
aqui?...
Ainda que não consigamos
responder a estas questões, pensar sobre elas dá-nos perspectiva. Dá-nos um
olhar diferente sobre a existência. Dá-nos profundidade. Dá-nos a noção de que
somos parte de um TODO muito maior que nós e que quase não compreendemos. Em
última instância dá-nos humildade.
Por isso, acredito, que a vida
não se esgota nos verbos FAZER, GANHAR, COMPRAR, COMER, POSSUIR, CONQUISTAR,
ATINGIR…
Vejo a Vida como um mistério que
me deslumbra todos os dias e vivo a vida como um estágio de enriquecimento e
crescimento pessoal, que acontece através de todas (boas e menos boas) as
experiências e interacções que vou vivenciando.
Podemos viver a vida em piloto
automático e em linha recta em direcção à morte ou, pelo contrário, podemos
viver tudo o que nos acontece numa gratidão e deslumbramento constantes,
saboreando, questionando, aprendendo, crescendo…
Oscar Wilde disse que: “Viver é a
coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe.”
Quantos seres humanos não consomem
os seus dias a pensar na próxima tarefa, nos ingredientes para o próximo jantar
ou nas fofocas mais recentes? Qual é o crescimento que poderão alcançar com
estes pensamentos?
Claro que precisamos executar
tarefas relacionadas com a nossa sobrevivência, segurança, conforto e
entretenimento. Faz parte do simples facto de se existir. Contudo, se a nossa
vida se resume a actividades triviais e entretenimentos medíocres, estamos de
facto, apenas, à espera da morte.
Mas para termos uma visão mais
ampla da Vida “é preciso sair da ilha para ver a ilha”.
Há a propósito disto, uma anedota
muito engraçada: um peixe do mar cruza-se com outro peixe e cumprimenta: - Olá,
que tal está hoje a água? e diz o outro: - Qual água?
Ou seja, é preciso sair um pouco
fora do nosso elemento e criar algum distanciamento em relação ao ram-ram de
todos os dias, para vermos onde estamos e para além disso.
Os astronautas que puderam
observar o planeta Terra a partir do espaço vieram transformados dessa
experiência. Mas não é preciso ir ao espaço
para dedicarmos um mínimo do nosso tempo a contemplar e a apreciar os mistérios
da Vida, a crescer um pouco a cada novo acontecimento e a intuir a gigantesca
rede de conexões da qual fazemos parte. E isso é o que nos dá conteúdo interior
profundidade de espirito.
A nossa mente permite-nos
elasticidade suficiente para, ao mesmo tempo que vivemos a vida de todos os
dias, ampliarmos a nossa visão da existência. Mas como vivemos num mundo de
opostos, haverá sempre quem morra porque estava vivo e quem morra porque nunca
viveu.
Cabe a cada um de nós escolher o
epitáfio que gostaria de ter gravado na lápide do seu túmulo.
Pense nisso!
Seja feliz,
Abrace a Vida!