quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Saturno em Escorpião, Plutão em Capricórnio

Este é um trânsito de recepção mútua, ou seja, Saturno rege Capricórnio e está em Escorpião e Plutão rege Escorpião e está em Capricórnio. Isto significa que se reforçam mutuamente. Saturno pedindo consciência e responsabilidade sobre as emoções profundas, individuais e Plutão pedindo transformação e renovação ao nível social, nas questões laborais, nas instituições, nos sistemas, nos governos, e na politica de uma forma geral.

Saturno é como um velho professor extremamente exigente e conservador. Ele exige de nós muito esforço, trabalho árduo, dedicação, empenho, competência, eficiência, paciência, persistência,  e muita disciplina. Tendo em conta que será Saturno o regente do ano 2013, já dá para perceber o que nos vai ser pedido no próximo ano.

Por outro lado, Saturno estará durante os próximos 3 anos no signo de Escorpião, que é um signo de água e por isso relacionado com as emoções. Mas não se fala aqui de emoções superficiais e passageiras, mas antes das emoções mais profundas e enraizadas na nossa psique. Falamos portanto dos nossos medos ancestrais, como o medo da morte; dos nossos traumas; das nossas feridas psicológicas mais profundas; da nossa forma de viver a sexualidade e a intimidade em geral; dos nossos desejos conscientes ou inconscientes de possuir e manipular o outro; das nossas compulsões; aversões; raivas e ressentimentos.

Ou seja, Saturno (o Mestre) vai agir sobre estas nossas características muitas vezes inconscientes. Vai-nos pedir para abrir-mos uma brecha no nosso inconsciente (é provável que muitos recorram neste período à psicanálise ou psicoterapia) e a termos a coragem de trazer à luz todas essas emoções não tratadas para lidarmos com elas.

Isto é o que se espera a nível individual. Claro que haverá um equivalente a nível social que pressupõe uma exposição cada vez maior da corrupção, da manipulação e da perversão nos negócios, nas famílias, nos governos e entre nações, podendo surgir diversos escândalos nestes sectores.

A impressão que vamos ter é de que o mundo endoideceu incluindo nós próprios mas isso tem um único e fundamental objectivo: promover a cura.

Não podemos curar, corrigir ou melhorar o que está oculto por isso este é um tempo de catarse. É um tempo de levantar o tapete e limpar de uma vez por todas o lixo que aí estava escondido.

Escorpião também é um signo relacionado com a gestão do dinheiro dos outros (impostos, banca, empréstimos, heranças). Por isso Saturno vai pedir mais seriedade, mais responsabilidade, mais ponderação e limites no tratamento destes assuntos. Esperemos que os governos se abram a esta influência de forma positiva.

Mas atenção. Saturno é por excelência o mestre da austeridade. Por isso, quer a nível individual quer a nível colectivo, vamos ser chamados a ser mais responsáveis e mais comedidos com os nossos gastos e mais organizados com as nossas finanças.

Escorpião também está muito relacionado com o sexo, comportamentos sexuais perversos e doenças sexualmente transmissíveis. Esta é mais uma área em que Saturno vai intervir podendo surgir formas mais saudáveis e responsáveis de viver a sexualidade e até algumas curas para doenças sexualmente transmissíveis.

Em suma, enquanto Plutão remexe nas estruturas sociais, económicas e politicas, para que possam ser transformadas; Saturno coloca o dedo nas feridas emocionais e pede-nos que assumamos responsabilidade por elas mostrando a coragem de enfrentarmos a nossa "sombra". 

Não há metamorfose sem dor e a humanidade está a passar por um grande processo de mudança em que a dor, individual e colectiva, tem vindo a aumentar. Mas tudo tem um propósito mais elevado: libertarmo-nos de todos os excessos, de tudo o que não funciona, de tudo o que já não nos serve para podermos seguir viagem mais leves, mais livres mais saudáveis, rumo ao equilíbrio individual e da humanidade como um todo.

Para quem acredita no karma, este seria um período de resgate karmico, em que nos é dada a oportunidade de integrar todas as lições pelas quais fomos passando mas sobre as quais ainda não produzimos uma verdadeira aprendizagem.

Podemos esperar que surjam novas abordagens terapêuticas no campo da psicologia e uma maior procura de livros de auto-ajuda e cursos de desenvolvimento pessoal, mesmo por aqueles que até aqui não se interessavam por estes assuntos.

Saturno recompensa aqueles que se esforçam, que não fazem batota, que não evitam a dor. Por isso, se nos aplicarmos durante as lições e testes que o Saturno nos propõe, no final deste período estaremos mais auto-conscientes, com mais maturidade, mais sábios, mais bem resolvidos.

Entremos pois neste barco que já está em andamento, em vez de ficarmos parados no cais com medo de naufragar. Porque se não embarcarmos nesta viagem de auto-conhecimento, transformação e cura, perderemos a boleia em direcção a um território psíquico mais firme, mais bem estruturado, mais límpido e mais sereno. 

Seja feliz!
Abrace a vida!

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Solidão ou Solitude?


Hoje em dia, sobretudo nos grandes centros urbanos dos países mais desenvolvidos, viver sozinho é cada vez mais uma realidade. Quer seja por opção ou por força das circunstâncias, a verdade é que muitos vivem sós. Devido a esta tendência, existe uma preocupação crescente com o fenómeno da solidão, em termos sociais. Contudo, viver só, não é necessariamente sinónimo de solidão. Importa por isso esclarecer a diferença entre solitude e solidão:

"Solitude é o estado de privacidade de um pessoa, não significando, propriamente, estado de solidão. Pode representar o isolamento e a reclusão, voluntários ou impostos, porém não diretamente associados a sofrimento."

 "Solidão é um sentimento no qual uma pessoa sente uma profunda sensação de vazio e isolamento."

(definições extraídas da wikipédia)

Viver só, ao contrário do que muitos pensam, é uma realidade com imenso potencial para o individuo, sobretudo ao nível do auto-conhecimento e do desenvolvimento pessoal.

Quando se é a única companhia de si próprio dá-se inicio ao processo de “voltar para dentro”. Um processo que leva, inevitavelmente, à auto-análise, a tornarmo-nos observadores de nós próprios, dos nossos pensamentos, hábitos, julgamentos e acções.
Este pode ser um processo muito rico e criativo, contribuindo para uma maior consciência de quem se é e do impacto que se tem no mundo e, consequentemente, para o auto-aperfeiçoamento que se torna possível a partir daí.

A lagarta só se transforma em borboleta depois de uma fase de reclusão no seu casulo. Do mesmo modo o indivíduo, ao voltar-se para dentro, adquire o potencial de se tornar na melhor versão de si mesmo.

Há algum tempo atrás, conheci uma pessoa que saltitava de relação em relação, pelo simples facto de não conseguir estar sozinho. Inundava-se de pessoas e actividades, vivendo essencialmente na esfera exterior da vida, afastando-se assim da sua natureza interior e, em última instância, da sua alma.

Parece-me que, relações construídas sobre o medo de estar só, não podem ser relações sadias e proveitosas, nem devolvem a pessoa à sua essência mais rica e profunda. Parece-me, pelo contrário, que relações deste tipo, são formas de evitar o auto-confronto, mascaradas de uniões significativas.
São apenas uma fonte de ilusões e por isso, tendem a não ser sólidas nem duradouras, podendo mesmo ser disfuncionais.

Como disse Osho "Você deveria ser capaz de estar só, completamente só e, ainda assim, tremendamente feliz.”  

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Normose – a doença da normalidade



Normose é um conceito recente, criado e desenvolvido pelo padre e filósofo francês Jean-Yves Leloup. É caracterizada por um conjunto de normas, conceitos, valores, estereótipos, hábitos de pensar e de agir que são aceites e adoptados pela maioria das pessoas de uma determinada sociedade, e que levam a um estado amorfo de ser e consequentemente ao sofrimento, à doença e em última instância à morte. Por outras palavras, a normose é uma normalidade doentia.

Foram já identificados vários tipos ou graus de normose mas há uma característica comum, que é o facto de ser automática e inconsciente. 

Quando se fala de “espírito de rebanho” é da normose que se está a falar. Dentro da normose vivem as “massas”, porque, por preguiça, conveniência ou simples conformismo seguem o exemplo da maioria. Não há questionamento do status-quo, não há investimento no Eu profundo e diferenciador. Vive-se uma espécie de torpor ou adormecimento. O individuo têm a ilusão de que conduz a sua vida mas em vez disso deixa-se conduzir.

A normose é muitas vezes, sábia e perversamente, utilizada pelos media, para disseminar ideias, opiniões e comportamentos, através de uma manipulação subtil e até subliminar mas eficaz. De tal forma que o individuo nem se apercebe de que está a ser manipulado. Neste sentido, a normose é uma forma de alienação.

Quem vive imerso na normose, vive num estado ilusório de liberdade e expansão, visível apenas no exterior mas nunca no interior do ser. Assim, o individuo tem a ilusão de que é livre apesar de os media lhe influenciarem a escolha de marcas, produtos e estilos de vida; e vive a ilusão de expansão na medida em que vai progredindo na carreira, engrossando a conta bancária, ou coleccionando bens materiais, apesar de tudo isso o afastar de si mesmo e da verdadeira expansão interior.

No seu livro “A Loucura da Normalidade” , Arno Gruen já nos alertava para esta situação, ao escrever: ”A conformidade com os valores e formas estabelecidas, em desrespeito pela própria vida interior, é uma fonte inesgotável de violência diária.”

De facto, se reflectirmos um pouco, e dando apenas dois exemplos, até que ponto é que a destruição do meio ambiente e dos ecossistemas, por mais lucrativa que pareça num curto prazo, pode ser considerada um comportamento saudável? Até que ponto é que a ditadura do masculino – imposta  pela nossa sociedade patriarcal, que pressupõe a negação da energia feminina e a repressão da intuição e dos sentimentos – nos devolve a um estado equilibrado de ser? No entanto, estes hábitos e comportamentos são aceites pela maioria, mas, como dizia Krishnamurti “Não é sinal de saúde estar bem ajustado a uma sociedade profundamente doente.”

Felizmente vamos assistindo ao surgimento de pequenas ilhas de esperança, através de grupos, indivíduos, projectos e iniciativas que nos mostram alternativas e que vão agitando um pouco as águas deste marasmo social, caracterizado por comportamentos doentios que se foram cristalizando  até se tornarem “normais”. 

A tomada de consciência da normose é o ponto de partida para a cura. Para a busca de formas de ser e de estar mais saudáveis e equilibradas, para o resgate da verdadeira individualidade e autenticidade. É também o ponto de partida para um questionamento saudável das normas, opiniões e comportamentos que adoptamos como nossos.

Importa dizer que, para sair de uma normalidade doentia e há muito enraizada, é preciso uma boa dose de coragem, auto-estima e determinação. É preciso muitas vezes trocar o certo pelo incerto e não parar de questionar: Quem sou eu? O que faço aqui? Qual o sentido da vida? Qual o propósito da minha vida? Porque faço esta escolha? Estou verdadeiramente a escolher ou a imitar outros? Tenho mesmo esta opinião ou foi apenas algo que ouvi de várias pessoas?...

Alguns poderão dizer que este é um caminho difícil. Concordo. Mas só quando aprendemos a questionar o exterior e a ouvir a voz interior é que nos tornamos livres e entramos no caminho da verdadeira sabedoria.

Não seja "normal", seja único e igual a si mesmo!
Afinal, se Deus nos criou todos diferentes e originais, não foi certamente para que nos tonássemos cópias uns dos outros, não acha?

Abraçe a Vida!

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

A Terra como uma escola


Sim, já todos ouvimos dizer que a Terra é uma escola. De facto assim é. A Terra é um planeta-escola onde é suposto ao longo de vidas sucessivas irmos limando as arestas do ego até que ele seja plenamente absorvido pela alma.

A dualidade tem assim como função criar um certo "atrito" na nossa personalidade, moldando-a, polindo-a, esculpindo-a para desígnios maiores.Ainda assim, ainda sabendo tudo isto, não é fácil estar submetido aos eventos mundanos da 3ª dimensão. Não é fácil fazer parte de uma escola onde convivem "alunos do secundário" com "alunos da primária". Ainda se todos tivessem consciência do nível em que se encontram!...Mas não, não é assim. 

A maioria anda às cegas e acha que é tão ou mais evoluído que qualquer outro. Medem a sua evolução pelas capacidades intelectuais ou pelo status que alcançaram. Por isso, muitas vezes, temos de nos submeter a pais, professores, chefes e outros, que em termos académicos podem ter doutoramento mas em termos espirituais estão na primeira classe (ou no jardim infância). É difícil. 

É muito difícil porque não queremos julgar. Sabemos que julgar é errado, sabemos que todos têm direito à existência e a percorrer o seu caminho mesmo se estiverem muito atrasados. 

Ás vezes queremos ajudar. Queremos lançar uma escada a estas pessoas para que avancem um pouco mais depressa no caminho espiritual. Mas regra geral somos mal entendidos. Pudera! Até a linguagem é diferente!Aquilo que dizemos parece-lhes estranho e na sua maioria não estão preparados para os desafios que lhes lançamos. 

Eu, pessoalmente, fico sempre triste quando vejo alguém desperdiçar potenciais que eu vejo mas o próprio não vê.

Fico triste e desespero-me.

Confesso que tenho dificuldade em desligar-me em deixar ir. Tenho dificuldade em lidar com este nível de "atrito".

Ultimamente tenho vindo a reflectir sobre este tema e é-me dado perceber que também eu estou em evolução e estes "atritos" que surgem fazem parte do meu caminho e do meu processo individual.Existem para que eu possa limar arestas do meu ego rumo a uma existência mais pacífica e contemplativa.

Não acho que seja impossível vivermos em harmonia, independentemente do nível evolutivo de cada um. Pelo contrário acho que a convivência com quem está atrás e com quem está à frente é um dos motores, por via do exemplo, para o nosso próprio crescimento. 

Contudo, há um conjunto de seres que nem sequer percebeu ainda a necessidade de crescer. Pararam no tempo, estagnaram e vivem adormecidos ou hipnotizados pelo lado material da vida, sem dedicar mais do que um efémero pensamento à realidade espiritual e Superior. 

A esses de pouco ou nada serve o exemplo, de pouco ou nada serve uma lição ou uma palestra. A ilusão material que aprisiona estes seres é maior do que a sua vontade de se libertarem dela. É aqui que o véu de “Maya” é mais denso, mais espesso, mais impenetrável.

Como é que então, alguém que enxerga além do horizonte material, pode comunicar com um ser que não vê mais do que um passo à sua frente?

Os antigos mestres Zen faziam-no através de koans como este:

Joshu's Mu

Joshu (A.D. 778-897) was a famous Chinese Zen Master who lived in Joshu, the province from which he took his name. One day a troubled monk approached him, intending to ask the Master for guidance. A dog walked by. The monk asked Joshu, "Has that dog a Buddha-nature or not?" The monk had barely completed his question when Joshu shouted: "MU"

terça-feira, 26 de junho de 2012

Tempo de Qualidade


Hoje em dia, sobretudo nos grandes centros urbanos, vivemos numa correria entre centenas de afazeres. Logo pela manhã, quem tem crianças pequenas tem de incluir no seu horário os cuidados que elas precisam (e merecem, claro): acordá-las, vesti-las, preparar e dar o pequeno-almoço, preparar as mochilas, colocá-las na cadeirinha do carro, levá-las à escola.... Quando se chega ao emprego, depois de tudo isto, parece que o dia já vai longo e que até já estamos um pouco cansados, mas... lá está o trabalho com mil uma tarefas à nossa espera. Ao fim do dia a rotina repete-se em sentido inverso e acresce ainda a preparação do jantar, o banho das crianças, a limpeza da cozinha e eventual preparação de algumas coisas para o dia seguinte. Depois é preciso algum tempo para brincar com os mais pequenos e conversar com o marido ou esposa. Sobram uns minutos de televisão e logo, logo chega o sono e a exaustão. Mais um dia se passou em que não teve tempo para si, para ler um bom livro, para fazer exercício, para meditar.

Se nada se fizer para contrariar esta tendência a vida passa num ápice e quando acordarmos estamos grisalhos, crivados de rugas e sem energia para fazer aquilo que mais gostamos. Se não tivermos momentos de paragem na nossa correria diária, para escutar o que nos vai na alma, acabamos deixando-a ao abandono até definhar e morrer à mingua. A nossa alma precisa de cuidados, de atenção, de escuta-ativa. É urgente ouvir a nossa vozinha interior, por mais tímida que ela seja a verdade é que ela está lá. Nós é que a abafamos com o ruído de todos os estímulos exteriores que nos consomem o tempo e a dedicação.

Quando foi a última vez que fez um balanço da sua vida? Que refletiu sobre o seu papel no mundo ou sobre a vastidão deste Universo de que fazemos parte? Acha que nada disto é importante? Então viemos à Terra para estudar, trabalhar, casar, ter filhos, trabalhar, ir de férias, trabalhar mais, entrar na reforma....e esperar pela morte? Não me parece!

Sou mais da opinião de que fazemos parte de um Todo muito maior que nós,e que, entre esse Todo e nós há uma troca constante que precisa ser alimentada e cuidada. 

Como diz alguém que eu conheço: "Não viemos à Terra para comprar bifes e comê-los", que é como quem diz: "não viemos à Terra para sobreviver pelo máximo tempo que conseguirmos". 

Isto não é uma competição para ver quem consegue ficar vivo mais tempo, é sim um espaço em branco que deveriamos preencher da forma mais significativa possível. 

Muitos de nós adiamos consecutivamente o momento nas nossas vidas em que vamos realmente começar a viver e tudo serve de desculpa: "Os filhos ainda são pequenos", "Ainda não tenho a casa dos meus sonhos", "Ainda não tenho consolidada a minha carreira", "Agora tenho pouco dinheiro", "Primeiro temos de ultrapassar a crise"....

Noticia de ultima hora: - A vida não espera por si! 

Como disse o Dalai Lama, sobre o que mais o perturba na humanidade actual: "vivemos como se nunca fossemos morrer e morremos como se nunca tivessemos vivido".

A vida acontece a cada nanosegundo mas infelizmente, deixamos que tudo à nossa volta nos desvie a atenção desse facto incontornável.
Da próxima vez que tiver 5 minutos sem fazer nada, não procure uma tarefa. Relaxe, saborei o momento, medite, respire, brinque, aprecie e seja feliz.

Abrace a Vida!

  

quinta-feira, 22 de março de 2012

Liberdade


O que é ser livre? Ser livre é viver um profundo compromisso consigo mesmo e permitir que o mesmo se reflita em tudo na sua vida. Ser livre é não abdicar de si e por-se em tudo o que faz, diz e pensa. É afirmar a sua individualidade e exerce-la. 

Há quem pense que ser livre é não cumprir regras ou horários, normas ou procedimentos mas isso não é liberdade, isso é marginalidade. A verdadeira liberdade está dentro de cada um de nós. 

Quando eu, apesar de alguns inevitáveis condicionalismos externos, sou fiel a mim mesmo, então, eu consigo ser livre.

Ser livre é também não se deixar oprimir pelos ritmos frenéticos da actualidade, não ser escravo de modas e tendências, não se subjugar aos ditames do "mainstream". Ser livre é preservar o direito de escolher em cada momento as suas crenças, opiniões, preferências e objectivos, de acordo com o seu coração e não para agradar a alguém ou para ser aceite num grupo.

Ser livre, em última instância, é ser autêntico e não temer as consequências disso.  

Mas há nuances ainda mais subtis que por vezes nos impedem de sermos livres. Nomeadamente os grilhões que nos prendem ao passado. Por vezes são mágoas ou ressentimentos antigos, ou culpas, ou memórias de todo o tipo. São geralmente pouco visíveis na nossa vida mas a sua existência mancha os nossos dias e turva o nosso brilho. 

Para sermos totalmente livres há que nos desprendermos do passado todos os dias como uma serpente se desprende periodicamente da sua pele. Só assim estaremos sempre abertos para o novo nas nossas vidas, só assim poderemos fluir pela vida com leveza e graciosidade.

Ser livre é também viver cada novo momento com limpidez, sem bagagens pesadas que nos impeçam de sermos quem somos de facto.

Finalmente, ser livre é entrar em contacto com a natureza e sintonizar-se com os seus ritmos porque tudo na natureza exala o perfume da liberdade.

Seja feliz!

Abrace a vida!

  

  

terça-feira, 13 de março de 2012

Felicidade o que é?


Se perguntarmos a um conjunto de pessoas qual o seu sonho mais querido há uma grande probabilidade de que a maioria responda: "Ser feliz!" Mas afinal o que é a felicidade? Será que para se ser feliz é preciso ser rico? Ter um Ferrari na garagem e viver numa mansão?

Da minha perspectiva a felicidade é um estado de alma que não depende da quantidade ou qualidade dos bens materiais que possuímos. Mas então como se atinge esse estado de alma?

Se não viver satisfeito consigo mesmo, se não se amar o suficiente, se não cultivar as suas relações, se não souber apreciar um céu azul ou o perfume a flores num jardim quase de certeza que não se sentirá feliz.

Além do já mencionado, ter uma ligação espiritual a algo que nos transcende, quer lhe chame Deus, Universo, Força de Vida ou Tudo-O-Que-É, ajuda imenso a sentir-se mais feliz. Porque a dimensão espiritual da vida deve estar sempre presente para nos preencher, alimentar e impulsionar.

Se eu considerar que o mundo é apenas um calhau às voltas no espaço e eu apenas um de entre biliões de seres humanos; se eu considerar que só existe este plano material que eu posso ver e sentir com os cinco sentidos e que um dia vou morrer e acaba tudo, certamente que os meus dias serão menos felizes do que se eu acreditar que há um propósito para tudo isto.

É um grande passo para a felicidade acreditar que a vida não é uma mera sucessão aleatória de eventos mas uma sábia melodia composta harmoniosamente por um Compositor exímio.

Deste modo eu ganho dois trunfos: primeiro vejo sentido em tudo o que me acontece. Sinto que pertenço a algo maior que eu e aprendo a confiar no processo da Vida; segundo, se eu me consigo ver como um ser criado, passa a ser inevitável acreditar que haverá em mim algo, ou muito até, do meu Criador. Deste modo deixo de ser pequeno e insignificante e passo a ser uma peça importante no puzzle que é a Vida.

Acordar pela manhã e sentir aquele raio de sol que atravessa a janela e lhe acaricia o rosto, deliciar-se com o seu duche matinal, vestir aquela roupa que lhe fica bem e o faz sentir-se mais bonito...tudo isto são formas simples e sem custos de por a felicidade em acção no seu dia.

Se a estas sugestões adicionar momentos de pura serenidade, em que faz um pouco de meditação, ouve musica suave ou lê algo inspirador, está a contribuir consideravelmente para o seu bem-estar e consequentemente para se sentir mais feliz.

Outra fonte de felicidade são os seus relacionamento. Como vive esses relacionamentos? São como fardos que carrega ou são refúgios da sua alegria e bem-estar?

Valorize no outro aquilo que ele tem de melhor, não se foque tanto nos defeitos ou nas diferenças. Abrace mais, dê mais as mãos, elogie mais, sorria mais, brinque mais. 

Ser feliz não custa dinheiro, custa apenas tomar consciência de si e do que o rodeia. 

Quando beber um café ou um chá saborei, fique presente, concentre-se na sua bebida. Quando come faça o mesmo com a comida, quando brinca com os seus filhos fique totalmente presente. Quando dá um passeio na natureza observe os pássaros, as flores, os sons...Faça uma coisa de cada vez e concentre-se apenas nela.  Abrande a sua mente e sentir-se-à mais feliz.


Abrace a vida!

terça-feira, 6 de março de 2012

Quem sou eu? O que faço aqui?...



Já se colocou a si próprio estas perguntas? E que respostas obteve? Quem é você afinal? É apenas mais um humano a lutar dia-a-dia para sobreviver? Ou é alguém que não tem receio de se afirmar como único e especial?

Não sei qual das duas respostas deu a si próprio mas posso garantir-lhe que você é único no mundo. Você tem qualidades e potenciais que o distinguem dos demais. Do mesmo modo que não há dois cristais de gelo iguais, também não há dois seres humanos iguais e o mesmo é válido para o contributo que cada um dá ao mundo. Por isso trate de procurar em si aquilo que o torna único.

Pode ser a forma gentil como trata os outros,
a beleza do seu sorriso,
o sentido de humor diferenciado,
a sensibilidade e compaixão para com aqueles que sofrem.

Pode ser um talento para a arte ao qual nunca deu muita atenção,
uma capacidade organizadora que faz de si um profissional de excelência,
a forma única e exemplar como educa os seus filhos....

Não precisa ser um super-herói vestido de capa e collants para ser especial e fazer a diferença no mundo.

Ao descobrir as qualidades que mais brilho têm em si, incentive-se a desenvolvê-las e veja o que acontece.
Quando menos esperar vai dar por si a sentir uma renovada auto-estima e a querer acordar todos os dias para a aventura de estar vivo.

Quanto à outra pergunta: O que faço aqui? Talvez também nunca tenha pensado muito nisso ou talvez ache que a vida não tem qualquer finalidade. É apenas uma coisa que nos acontece.

Não. A vida é como um caminho que percorremos mas em vez de uma meta a atingir propõe-nos o desafio de apreciarmos a paisagem enquanto caminhamos.

Respire e tome consciência da sua respiração. De onde vem isso? De onde vem o sopro de vida que lhe permite estar aí? Não é maravilhoso? Aprecie cada lufada de ar que inspira, sinta o bater do coração. 

Não permita que a vida passe por si às pressas enquanto está demasiado ocupado a fazer de tudo para a evitar. Atreva-se a sentir a vida em cada momento. Você está aí porque a vida se expressa através de si, você é uma manifestação da própria vida.   

Dê valor às coisas mais simples como o sorriso de uma criança, o som de uma cigarra no verão ou um serão de inverno à lareira. A vida é feita desses momentos em que nos permitimos simplesmente ser e apreciar.

Seja feliz!

Abrace a vida!

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

O vazio é o começo...


Numa época em que tudo nos diz que o materialismo exacerbado não é solução, em que o que tínhamos antes como fontes de segurança é posto em causa, é natural as pessoas questionarem-se (umas mais que outras) sobre o sentido de tudo isto.

Por vezes, sobretudo para quem está a entrar na meia-idade, surge um certo vazio interior. Inexplicável mas presente, espesso e opressivo. O que em certo sentido é muito bom. Significa que há uma abertura para o novo. É o começo da busca de sentido para a vida ou da busca de si próprio através do auto-conhecimento.

Nesta fase não desespere, e não busque uma compensação exterior a si. Atreva-se a ouvir esse silêncio interior e a sentir o que ele lhe pede. Você é a pessoa mais importante da sua vida! Não quero dizer que deve descuidar aqueles que lhe são queridos, mas sim que deve cuidar de si em primeiro lugar. Você é a única pessoa que o vai acompanhar, de certeza absoluta, pelo resto da vida. Pense nisso.

 
Qual é a qualidade da relação que tem consigo? Qual o sentimento que nutre por si? é amor? ou raiva e desprezo? ou uma simples indiferença? ou nem sequer pensa no assunto? Saiba que enquanto não aprender a amar-se não estará aberto ao mundo. Amar-se é respeitar e aceitar cada pedacinho de si seja ele luminoso ou sombrio. Depois pode iniciar o processo de mudança daquilo que achar que deve ser mudado. Nunca é tarde para o fazer.

Acima de tudo ame-se e o amor pela vida e pelo que o rodeia virá por acréscimo.

Lembra-se do anúncio do leite: "Se eu não gostar de mim, quem gostará?" É isso mesmo, amar-se é também mostrar aos outros que é digno de amor.

Inicialmente pode ser um pouco assustador e até potenciar um certo sentimento de culpa, porque não fomos educados para pensar em nós. Ensinaram-nos que devemos sobretudo pensar nos outros. Ensinaram-nos a olhar para o exterior e com isto temos vindo gradualmente a negligênciar o nosso interior.

Apesar de o receio e a culpa serem naturais no inicio deste processo não se limite por eles. Liberte-se dos dogmas que talvez lhe tenham sido passados pelos seus progenitores ou educadores ou até pela própria sociedade. Abra-se para o desconhecido e confie na sua sabedoria interior que está sempre ao seu dispor se se permitir dar-lhe ouvidos.

E lembre-se, tudo começa com uma sensação de vazio, de incompletude ou de desassossego.

Não se entregue a essa sensação mas também não a mascare com desculpas esfarrapadas. Explore-a e veja onde ela o leva.


Abrace a vida!